João Batista Vilanova Artigas foi um dos mais famosos arquitetos brasileiros do séc. XX, Paranaense de origem, nasceu em Curitiba no ano de 1915. Desde criança sempre gostou das matérias de desenho e matemática e isso acabou direcionando sua vida profissional para algum curso que se relacionasse com essas temáticas. Como não havia escolas de arquitetura no Paraná, João se muda para São Paulo em busca da concretização de seu sonho, e no ano de 1937 se torna engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica da USP/SP.
Após sua formação abre uma empresa de projeto e construção com seu amigo Duílio Marone, mas em 1944 decide montar seu próprio escritório ao lado do cálculista Carlos Cascaldi, que aliás, era seu ex-aluno. Em 1946, recebe uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim, que lhe permite viajar por praticamente um ano nos Estados Unidos conhecendo a arquitetura norte-americana. De volta ao Brasil, participa da criação da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) em 1948.
Artigas sempre foi muito engajado na política de regulamentação da profissão de arquitetura, acreditava que os cursos de engenharia e arquitetura deveriam ser separados, pensando nisso, funda com outros colegas o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SP) em São Paulo.
Em 1961, realiza uma sequência notável de projetos que definem as linhas mestras do que se chama “escola paulista”: o Anhembi Tênis Clube, a Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula (foto 3), e o edifício da FAU, na Cidade Universitária, todos em São Paulo. Também foi na década de 60 que Artigas lidera um movimento para a “reforma do ensino”. Basicamente essa reforma que aconteceu nos corredores da FAU buscava criar uma formação mais completa para o arquiteto. Ao mesmo tempo em que trazia uma maior técnica construtiva por meio das disciplinas de desenho industrial e comunicação visual, também colocou à tona matérias relacionadas as artes, cultura e sociedade. Por fim, essas novas linhas curriculares acabaram influenciado muitas escolas de arquitetura em todo o território nacional.
Em 1964 se instaura o Regime Militar no Brasil, e devido a sua militância em favor do Partido Comunista Brasileiro foi afastado da FAU no ano de 1964, após isso exilou-se no Uruguai. Depois um tempo, retornou clandestinamente ao país em 1965, todavia, em 1969 foi desligado da Universidade novamente em virtude do Ato Insconstitucional número 5 (AI-5). Em 1984, reassume sua posição anterior na FAU após submeter-se a um concurso para professor titular, uma posição que já era dele por direito, mas como diz certo ditado, ”as vezes é necessário dar dois passos para trás para dar um salto para frente” e foi exatamente isso o que ele fez, no final do concurso foi aprovado de forma muito bem sucedida.
Artigas era um grande admirador da obra de Frank Lloyd Wright. Mais tarde, também assumiu que foi influênciado pelo franco-suiço Le Corbusier, tal influência é visível na Residência de João Luiz Bettega (1949) em Curitiba, hoje denominada Casa Vilanova Artigas (foto 5).
Conhecido por ser um professor eloqüente, articulado e carismático, recebeu da União Internacional dos Arquitetos (UIA) os prêmios Jean Tschumi em 1972, por sua contribuição ao ensino de arquitetura, e o premio Auguste Perret em 1985, por sua obra construída. De sua prancheta saíram mais de 500 projetos em toda a carreira, dentre eles destacam-se a antiga Rodoviária de Londrina no Paraná (foto 6), O Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães; o Estádio do Morumbi, o Edifício Louveira (foto 7), a Casa dos Triângulos (foto 8), a Rodoviária de Jaú (1973) e a Segunda Residência do Arquiteto (1949) que inclusive era sua própria casa, fora a Rodoviária de Londrina, todos estes outros projetos citados acima se encontram no estado de São Paulo, lugar onde Artigas se estabeleceu como arquiteto por meio de suas obras e seus ensinos.
João Batista Vilanova Artigas faleceu em 12 de janeiro de 1985, mas ainda hoje continua sendo um dos mais respeitados arquitetos brasileiros de todos os tempos.
No ano de 2015 Vilanova Artigas completaria 100 anos, em homenagem ao centenário foi produzido um documentário sobre sua vida chamado “O Arquiteto e a Luz”. Nesse trabalho é possível ver todos os detalhes citados aqui neste texto de uma maneira ainda melhor, mais viva e dinâmica. Não deixe de conferir.
Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos.
João Batista Vilanova Artigas
Digo aos jovens arquitetos: tenham a sensibilidade de fazer com que seus edifícios tenham alguma coisa a dizer.
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Referências:
1. ARTIGAS, Vilanova. 2001. Caminhos da Arquitetura. Cosac Naify. London, UK.
2. Vilanova Artigas. Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa13159/vilanova-artigas>. Acesso em: 24 de Maio, 2018.
3. João Batista Vilanova Artigas, Curitiba, 1915-2015 . Vitruvius. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/14.165/5675>. Acesso em: 24 de Maio, 2018.
4. VILANOVA ARTIGAS: o arquiteto e a luz. Direção e Produção de Laura Artigas, Pedro Gorski. São Paulo, SP, 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ceNS7HKWSo0>. Acesso em: 24 Maio, 2011.
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